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Angra do Heroísmo
História de Angra
Publicada em
janeiro 25, 2012
Angra
Do inicio do povoamento até ao Sismo de 1980
Gravura de Jan Huygen van Linschoten - 1595 |
O local escolhido pelos primeiros povoadores foi uma crista de colinas, que se abria, em anfiteatro, sobre duas baías, separadas pelo vulcão extinto do Monte Brasil. Uma delas, a denominada "angra", tinha profundidade para a ancoragem de embarcações de maior tonelagem, as naus. Tinha como vantagem a protecção de todos os ventos, excepto os de Sudeste.
As primeiras habitações foram erguidas na encosta sobre essa angra, em ruas íngremes de traçado tortuoso dominadas por um outeiro. Neste, pelo lado de terra, distante do mar, foi iniciado um castelo com a função de defesa, o chamado Castelo dos Moinhos.
Angra op Tercera, ca. 1670-1700] (http://purl.pt/5915) |
Em 1474, a capitania de Angra foi doada a Álvaro Martins Homem, que deu início aos trabalhos da chamada Ribeira dos Moinhos, aproveitando a força de suas águas e lançando as bases para o futuro desenvolvimento económico da povoação. O casario acompanhou a Ribeira dos Moinhos até à baía, primitivamente por ruas e vielas sinuosas como as ruas do Pisão, da Garoupinha ou do Santo Espírito. Martins Homem deu início à chamada Casa do Capitão, posteriormente acrescentada por João Vaz Corte Real, que também procedeu à canalização da Ribeira, à construção do primitivo Cais da Alfândega, da muralha defensiva da baía de Angra e do Hospital de Santo Espírito.
Cidade d'Angra do Heroismo -LEBRETON, Louis-1866 http://purl.pt/13618/1/ |
Na área do vale, foram abertas ruas, obedecendo a um plano ortogonal, organizadas por funções, de acordo com as necessidades do porto que crescia com rapidez, como é o caso das ruas da Sé e Direita, ligando os principais elementos da cidade: o porto e a casa do capitão nos extremos do braço menor, os celeiros do Alto das Covas e a Câmara Municipal nos do braço maior.
Em 1478, a povoação foi elevada à categoria de vila e, em 1534, foi a primeira do arquipélago a ser elevada à condição de cidade e feita sede de bispado, com jurisdição sobre todas as ilhas dos Açores.
Caravela Vera Cruz a entrar no Porto de Pipas (Sanjoaninas 2008) (ver) |
Este imenso progresso deveu-se à importância do seu porto como escala da Carreira da Índia, (ligação marítima anual entre Lisboa e Goa, e vice-versa). Nas primeiras décadas do século XVI foi aqui instalada a Provedoria das Armadas , a quem competia prover as embarcações da Carreira da Índia, e ainda às da Armada das ilhas, que faziam a sua escolta, de víveres frescos, munições, promover reparos nas embarcações, garantir assistência hospitalar às gentes, remediando e prestando toda a assistência que se fizesse necessária, até mesmo fretando reforços.
Posteriormente, no contexto da Dinastia Filipina, vieram juntar-se os galeões espanhóis carregados de ouro e prata, oriundos das Índias Ocidentais. Para apoio das embarcações foram implantados os primeiros estaleiros navais, na Prainha e no Porto das Pipas, e as fortificações do Castelo de São Sebastião e o de São João Baptista.
Planta da cidade d'Angra do Heroismo Lisboa, 1870 (http://purl.pt/1399) |
Em 1766, é-lhe atribuída a Capitania Geral dos Açores e Angra constitui-se na capital da Província dos Açores, sede do Governo-geral e em residência dos Capitães-generais, funções que desempenhou até 1832.
Angra foi decretada duas vezes capital do Reino: em 1580 apoiando António I de Portugal que aqui estabeleceu o seu governo, e em 1828 a Junta Provisória foi aqui estabelecida, em nome de Maria II de Portugal, tendo sido nomeada novamente capital do reino em Março de 1830.
Por Carta Régia de 1837, a cidade de Angra acrescenta aos seus títulos o de "Heroísmo" e de "Sempre Constante", tornando-se a "Mui Nobre, Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo" , além de que nessa época já albergava 500 anos de cultura europeia, asiática, africana e sul-americana.
Quando do sismo de 1980, o esplendor da cidade era já uma coisa do passado visto que o século XIX e a navegação a vapor retiraram-na das rotas internacionais.
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