Fortaleza de São João Baptista

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Castelo Sao Joao Batista
Fortaleza de S.João Baptista no Monte Brasil - Angra do Heroísmo








A Fortaleza de São João Baptista, formalmente denominada como Prédio Militar nº 001/Angra do Heroísmo, é também referida como Castelo de São João Baptista, Castelo de São Filipe, Fortaleza de São Filipe ou simplesmente Fortaleza do Monte Brasil.


 


Foi erguida no contexto da Dinastia Filipina, após a conquista da Terceira pelas tropas espanholas. Assim, em 1590,  inicia-se a  elaboração do projecto da fortaleza de São Filipe (em homenagem ao soberano, Filipe II de Espanha),  pelo italiano Tiburzio Spannocchi. Em 1593 dá-se o  lançamento de sua primeira pedra, no baluarte de Santa Catarina e em 1603  inicia-se a construção da fortaleza.




A sua função era múltipla:
  • a de protecção do porto de Angra e das frotas coloniais que nele se abrigavam contra os assaltos de piratas  e de corsários, uma vez que era aqui que as embarcações se reuniam,  para juntas cumprirem a última etapa de navegação até à península Ibérica, sob escolta da Armada das Ilhas;
  • a de aquartelar as tropas espanholas  para a defesa da ilha.





"(...)Um dos actos governativos de António de Ia Puebla foi a fundação do castelo de S. Filipe, (...); mas apenas El-Rei de Castela entrou no governo de Portugal e desta ilha, tratou logo de o fundar, não só para que a defendesse, mas ainda para que auxiliasse as demais ilhas, se por inimigos fossem entradas.(...)" -em Anais da Ilha Terceira — Tomo I (Quarta Época - Capítulo XVI)



A mão-de-obra empregada nos trabalhos foi, em grande parte, fornecida por condenados às galés e por soldados do presídio, mas também  por um expressivo número de canteiros e pedreiros locais. 
Tanto os Terceirenses quanto os habitantes das demais ilhas,  suportaram tributos, cujas receitas foram aplicadas nas obras desta fortificação.
"(...) foi feita com pragas, suor e sangue."- (refere o padre Maldonado-op. cit., p. 81).

 





A fortaleza estava guarnecida, à época, por mil e quinhentos homens de primeira linha e artilhada com cerca de quatrocentas peças dos diversos calibres.










Entre 27 de Março de 1641 e 4 de Março de 1642,  as forças espanholas  resistiram  ao cerco que lhes foi imposto por forças portuguesas, compostas pelas Ordenanças da Terceira, até que por fim se renderam tendo-lhes sido permitido retirarem-se com as armas pessoais assim como duas peças de artilharia de bronze e respectiva munição.
"Os espanhóis deixaram para trás cento e trinta e oito peças de ferro e bronze de diversos calibres, trezentos e noventa e dois arcabuzes, e cerca de quatrocentos mosquetes e copiosa munição"- (ARAÚJO, 1979:80).

Monte Brasil
Igreja de S. João Baptista


Por fim em posse dos portugueses, a Fortaleza, (sob a invocação de São João Baptista e em homenagem a D. João IV de Portugal), passou a denominar-se Fortaleza de São João Baptista. Em 1645 sob a invocação do mesmo padroeiro, começou a erigir-se na Praça de Armas a Igreja de São João Baptista, a primeira no país após a Restauração da Independência.

 


Desempenhou vários papéis importantes ao longo da História até que já no século XX, entre 1916 e 1919, durante a Primeira Guerra Mundial, as dependências do forte foram utilizadas, como "Depósito de Concentrados", súbditos alemães obrigados a permanecer em Portugal por força das determinações que se seguiram à declaração de guerra.



Em 1933, tendo aqui sido criado um presídio militar, o Forte  foi utilizado como prisão política pelo Estado Novo português,  e em 1943 tornou-se no "Depósito de Presos de Angra".

 RG1 - Angra do Heroismo 
Constitui-se no aquartelamento de tropas operacionais mais antigo em território português, com uma permanência ininterrupta de quatro séculos, sendo que hoje ali se encontra o Regimento de Angra do Heroísmo (RG1), que é a organização militar mais Ocidental de Portugal e da Europa.
A Fortaleza cobre uma superfície de cerca de três quilómetros quadrados. É constituída por um núcleo principal, fechado no istmo, constituído por uma muralha de cerca de 570 metros, com três baluartes e dois meio-baluartes: 



    Baluarte de S. Pedro e Porta d'Armas
  • Baluarte de Santa Catarina, sobre a rocha do Fanal, com sete canhoneiras.
  • Baluarte de São Pedro, à esquerda do Portão de Armas, com quinze canhoneiras.
  • Baluarte da Boa Nova, à direita do Portão de Armas, com dezasseis canhoneiras, onde se encontra  o chamado Torreão da Bandeira, onde se levanta o mastro da bandeira da fortaleza.




Baluarte de Sta. Catarina
     
  • Baluarte do Espírito Santo, sobre o chamado Campo do Relvão, onde se abrem quatro canhoneiras e três paióis.
  • Baluarte de Santa Luzia, com cinco canhoneiras e um paiol. 








Porta de Armas e Fosso
Pormenor


Sobre o Portão de Armas inscrevem-se o escudo com as armas portuguesas (em substituição às armas filipinas) e uma lápide evocativa da consagração de Portugal à Imaculada Conceição, ambas as pedras colocadas após a rendição espanhola.





A partir de cada uma de suas extremidades projectam-se duas outras cortinas que envolvem a península:

Costa Leste do Monte Brasil
 Ao longo da costa leste do Monte Brasil, o Baluarte de Santa Luzia liga-se à cortina de Santo António, com aproximadamente um quilómetro de extensão, onde se inscrevem, no sentido Norte-Sul:
  1. a Porta do Portinho Novo
  2. a Porta do Cais da Figueirinha
  3. o Reduto dos Dois Paus;
  4. o Reduto de São Francisco;
  5. o Forte de São Benedito do Monte Brasil (Reduto dos Três Paus);
  6. o Reduto de Santo Inácio;
  7. o Forte de Santo António do Monte Brasil
No lado Sudeste da península, voltado a mar aberto, encontra-se o  Forte da Quebrada, implementado sobre a rocha viva junto ao mar, a sua função era a de evitar que, em ângulo morto dos fogos do Forte de São Diogo e do Santo António, qualquer embarcação pudessem se ocultar ou encontrar abrigo.

A cortina do lado Oeste, que também se estende por cerca de um quilómetro, compreende, no sentido Sul-Norte:
Costa Oeste do Monte Brasil
  1. a Bateria da Constituição;
  2. o Forte de São Diogo do Monte Brasil (Forte do Zimbreiro);
  3. a Bateria da Fidelidade;
  4. o Reduto General Saldanha;
  5. o Reduto de São Gonçalo;
  6. o Reduto de Santa Cruz;
  7. o Reduto de Santa Teresa;
  8. o Cais do Castelo, na baía do Fanal.

Nota: todos estes redutos e fortes encontram-se em estado de ruína.


Forte de São Filipe do Monte Brasil
(Autor desconhecido, 1595,
Arquivo Geral de Simancas.)



Forte de São João Baptista no Google earth
















O conjunto da Fortaleza e da Igreja de S. João Baptista, encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto nº 32.973, de 18 de Agosto de 1943, e inscrito no Centro Histórico de Angra do Heroísmo, classificado pela UNESCO como Património Mundial desde 1983. Encontra-se classificada como Monumento Regional e tem Servidão Ambiental por se encontrar inserida na Paisagem Protegida do Monte Brasil.






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