Outeiro da Memória ou Alto da Memória

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É uma construção no mínimo sui generis. Trata-se de um obelisco erigido no século XIX em homenagem à passagem de Pedro IV de Portugal pela Terceira, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).


Encontra-se situado no alto de um outeiro e aqui terá sido construído a partir de 1474, o Castelo dos Moinhos.


Em 1839 o imóvel foi doado à Câmara Municipal de Angra a qual ambicionava ali instalar um Passeio Público, pelo que em 1844 iniciou-se a demolição dos antigos muros.

A cerimónia do lançamento da primeira pedra ocorreu no dia 3 de Março de 1845, aniversário da chegada de D. Pedro IV à ilha Terceira. 



A festa foi solene e preparada com todo o rigor:

Pela madrugada, rompeu uma salva de artilharia no Castelo, o repicar dos sinos em todas as igrejas e foguetes em vários locais da cidade. 
As cerimónias oficiais iniciaram-se na Câmara Municipal, onde se formou o Regimento de Infantaria 5, que tocou o Hino de D. Pedro. 
Organizou-se um grandioso cortejo que subiu a Rua da Sé até ao Alto das Covas, entrou na Rua do Rego, Miragaia e Pereira até ao local da cerimónia onde estava formada uma guarda de honra,  e onde foi colocado o retrato de D. Pedro.
No meio do largo estava colocada uma mesa, coberta com a colcha que “serviu no leito do excelso Príncipe” e onde foi colocada a pedra fundamental do monumento, a mesma que o monarca primeiramente pisou, em igual dia e mês em 1832, ao desembarcar no cais de Angra.

Depois de vários discursos, colocou-se no fundo do alicerce um cofre de bronze fabricado na Terceira a partir da fundição de moedas que tinham sido feitas com o bronze dos sinos da ilha, em 1829, onde se lançaram várias moedas da época e o pergaminho com a seguinte inscrição: 

“ A D. Pedro, o Grande, Duque de Bragança: a Câmara de Angra do Heroísmo em nome dos povos do Districto, em testemunho de gratidão e saudade; 3 de Março de 1845”. 

O cofre de bronze foi fechado e a chave entregue à Câmara e, por sua vez, encerrado dentro de outro feito de cedro. Na Câmara Municipal e na Torre do Tombo foram depositadas cópias do pergaminho. 
A pedra fundamental foi retirada da mesa, colocada numa bandeja e conduzida até ao alicerce e à uma hora em ponto, hora em que D. Pedro desembarcou, assentou-se a pedra fundamental, ao toque do hino de D. Pedro. 
A cerimónia encerrou com três vivas à “saudosa memória de D. Pedro”. 
Subiram foguetes no ar, os sinos repicaram, o regimento de infantaria e o castelo de S. João Baptista deram salvas e os marinheiros dos catorze navios ancorados no porto deram vivas à liberdade. 
Lançadas as flores sobre a pedra fundamental, o cortejo voltou à Praça da Restauração, onde se dispersou. 
À noite houve iluminação, música nas ruas e uma récita no Teatro Angrense.



Colocado sobre um supedâneo de três degraus, tem a forma de uma pirâmide quadrangular: o lado do quadrado da base tem 6,82 m e a altura é 21,76 m. Em cada uma das faces, tem uma elipse de mármore, com inscrições em letras pretas. A do lado Norte: A Ilha Terceira; a do Sul: A D. Pedro; a do Nascente: Nasceu em 12 de Outubro de 1798; a do Poente: Morreu em 24 de Setembro de 1834.

Deste miradouro privilegiado tem-se uma vista magnífica sobre a cidade, com os seus edifícios de cores garridas e alegres, os picos das igrejas, os pontilhados verdes dos jardins e lá em baixo o azul límpido na baía contrasta  ao lado com o verdejante Monte Brasil.




Este monumento foi praticamente destruído pelo grande terramoto de 1980, tendo sido reconstruído e reinaugurado pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo em 25 de Abril de 1985.



Fontes: "A Memória liberal na ilha Terceira" - Carlos Enes

2 comentários:

Anónimo disse...

muito fixe

Unknown disse...

Legal, Bem louco