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Praia da Vitória
sismicidade
Publicada em
fevereiro 14, 2012
As intensas crises sísmicas de origem tectónica, ocorridas na zona do chamado Ramo Grande, derivam do afundamento do graben das Lages e ficaram conhecidas por Caída da Praia, ou Queda da Praia.
A primeira crise chamada Primeira Caída da Praia, começou a 9 de Abril de 1614, entre as 9 e as 10 horas da noite. O sismo destruiu quase totalmente a freguesia das Fontinhas e provocou grandes danos nas freguesias vizinhas.
A primeira crise chamada Primeira Caída da Praia, começou a 9 de Abril de 1614, entre as 9 e as 10 horas da noite. O sismo destruiu quase totalmente a freguesia das Fontinhas e provocou grandes danos nas freguesias vizinhas.
"(...)Ameaçou Deus o castigo em 9. d Abril, descarregou o golpe da espada da diuina justiça Sabbado vespora da Trindade pelas tres horas do mejo dia em 24. de Majo.(...)"- Manuel Luís Maldonado, em Fenix Angrence.
A 24 de Maio um sismo de grande magnitude destruiu quase totalmente as freguesias de Agualva, Vila Nova, Lajes e Santa Cruz da Praia, provocando 200 mortos e muitos feridos.
"(...)só digo que dentro na VIla, e fora della cahirão vinte e coatro igrejas a saber sinco parochias e dois Mosteiros de Freiras, e hú de Frades; oito igrejas de Sacramento as mais todas hermidas. Morrerão tres freiras; e húa famula, e da mais gente que se acharão por conta morrerem mais de duzentas pessoas entre grandes e pequenos. Os fogos que chairão e erão abatidos tirados os que não tinham moradores dizem, serem mil seiscentos e onze, isto tudo na jurisdicão da Villa da Praia; já dice que em coatro legoas de cumprido e hüa de largo.(...)"- Manuel Luís Maldonado, em Fenix Angrence.
Registou-se grande movimento da falha sul do graben do Ramo Grande (ou graben das Lajes, como por vezes é designado), com o aparecimento de grandes fissuras no solo, grandes desmoronamentos e o abatimento generalizado do terreno na zona do Ramo Grande.
"(...)No direito desta igreja (Lages) contra o mar está hua serra que se chama de João de Teue que corre deste direito the a Vila da Praja, e será de comprido mais de meja legoa em direito da igreja. Pelo pee desta serra se abrio hüa rotura na terra que fez grande espanto; esta dita rotura comessou desde hüa ponta e foi correndo continuado como hú quarto de legoa, e dahi atra-uessou ao mar e a parte da dita serra que fica à banda da terra dizem ficou mais baixa do que a do mar, como que esta parte da terra estaua deante do ar e com este tremor asentou por cuja cauza ficou mais baixa do que a outra. (...)"- Manuel Luís Maldonado, em Fenix Angrence.
A gestão da crise e o processo de construção foi protagonizado directamente pelos poderes locais: câmaras da cidade de Angra e da Vila da Praia, Cabido da Sé de Angra, corregedor e provedor da fazenda.
Mas seria o rei Filipe II, na carta régia de 18 de Maio de 1615, a definir os parâmetros da reedificação, promovendo soluções inovadoras a nível construtivo e urbanístico: ...fareis de maneira que a Villa fique melhorada do que dantes era, assim na fortificaçam dos edifícios, como na ordem das ruas e serventias dellas, que fareis fezer de modo que todas se alcancem por cordel, com parecer de algum architecto pratico que para isso fareis ir à dicta Villa... -(retirado de)
"(...)Quando ao Domingo amanheceo 25. de Majo se partio logo o Dezembargador Ioão Correa de Mesquita (...) a uer sómente a Vila da Praja, e como a uisse naquella mizerauel assolação, vejo logo pera a Cidade, e no mesmo dia elle com os officiaes da Camara d Angra se puzerão em tal ordem que logo à segunda feira man-darão muito mantimento assim de pam como vinho, carne, azeite, louça, mestres pera os feridos; e foi tanto o feruor em toda esta Cidade que não ouue homem que podesse acudir com suas esmolas que o não fizesse. Outrosi os Padres da Comppanhia de Iesu o fizerão também, como sua ordem o pedia. E certo que foi tanto o cuidado que esta Cidade teue de acodir a tanta necessidade quanta tinhão aquelles sinco pouos, que por tempo de oito, ou dez dias nunqua cessarão de correr pellos caminhos carros e azemalas com todo o necessario, e barcos por mar.(...) "- Manuel Luís Maldonado, em Fenix Angrence.
A Segunda Caída da Praia ter-se-á iniciado na manhã de 12 de Junho de 1841 com a ocorrência de numerosos sismos. No dia seguinte, a 13 de Junho, sismos mais intensos provocaram danos nos edifícios o que levou os moradores da Praia e freguesias vizinhas a abandonar as suas casas. No dia 14 de Junho, pela madrugada, violentos sismos provocaram ainda maiores danos. Dia 15 de Junho, 3H:25m, um violento sismo causou enorme destruição na Praia e nas Fontinhas, freguesia onde ruíram todos os edifícios, e danos generalizados em todas as freguesias do leste e nordeste da Terceira entre a vila de São Sebastião e a Agualva, com centenas de casas danificadas, das quais muitas tiveram de ser reconstruídas.
"(...) a gestão do desastre e da posterior reedificação foi assegurada pelo administrador-geral do distrito de Angra do Heroísmo, José Silvestre Ribeiro (1807-1891), e pelos oficiais administrativos do Governo Civil.
(...) As freguesias foram caracterizadas pelo número de fogos e de almas e as casas atingidas foram quantificadas e classificadas em duas categorias: totalmente arruinadas e gravemente arruinadas(...)
Os parâmetros de reedificação da Vila foram definidos em termos de mudança e inovação:
...O que quero é que a Villa da Praia fique melhor construida do que antes estava – o que desejo é que um dia se diga: – Se por aqui passou o genio da destruição, viérão depois mãos bemfazejas e reparadoras, que erguêrão das ruinas os edificios, e os tornárão mais bellos, e mais sólidos… (...)
A Commissão não deve perder de vista que sendo o principal objecto acudir aos pobres, reconstruindo-lhes as suas moradas, é tambem o nosso intento reedificar a Villa da Praia e muito mais bella do que estava antes do terremoto...(...) -(retirado de)
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