Base das Lajes - Ingleses e Americanos na Terceira

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O Desembarque dos Ingleses na Terceira




8 Outubro 1943 Angra do Heroísmo Desembarque dos Ingleses
8 Outubro 1943
Angra do Heroísmo
Desembarque dos Ingleses







Na madrugada de 8 de Outubro de 1943 os britânicos chegam ao largo de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.


A população, primeiro a medo depois curiosa, dirigiu-se aos pontos sobranceiros à Baía.










8 Outubro 1943 Angra do Heroísmo Desembarque dos Ingleses
8 Outubro 1943
Angra do Heroísmo

Desembarque dos Ingleses



Após os primeiros contactos com terra, procedeu-se ao desembarque  no Porto das Pipas.








8 Outubro 1943 Angra do Heroísmo Desembarque dos Ingleses
8 Outubro 1943
 Porto das Pipas, Angra do Heroísmo


O desembarque no porto de Angra do Heroísmo não foi fácil devido a um temporal próprio da época de inverno nos Açores. Foram usadas barcaças de fundo chato para descarregar, tonelada por tonelada, secção por secção, todo o equipamento e abastecimentos necessários. 






Aviadores da RAF em marcha  sobre a ponte do Forte de São Sebastião
 Aviadores da RAF em marcha 
sobre a ponte do Forte de São Sebastião





O acampamento das Lajes ainda não estava construído, pelo que o quartel-general das tropas da RAF ficou instalado no Forte de S.Sebastião.







Ingleses na Terceira
 1943
Acampamento dos britânicos na Terceira
 




Com os 3000 militares vieram cerca de 20 000 toneladas de material e equipamentos que foram arrumadas ao longo do porto, para depois serem levadas para acampamentos improvisados. 








Ingleses na Terceira
 1943
Acampamento dos britânicos na Terceira
 




Foram instaladas tendas de campanha, muitas delas destruídas pelas intempéries usuais na ilha.









Alargamento da pista das Lajes.
1943
Início do alargamento da pista das Lajes.
Montagem das primeiras tendas




O transporte da vila para o Campo das Lajes teve de se efectuar com a ajuda de animais. 












Pista das Lajes - Revestimento da pista com chapas metálicas
Revestimento da pista com chapas metálicas





Iniciaram-se de imediato os trabalhos na pista revestindo-a com chapas metálicas. Estes trabalhos deram mão de obra a inúmeros trabalhadores portugueses.









A 9 de Novembro de 1943 aviões ingleses com base nos Açores afundam o seu primeiro submarino alemão.



A pista das Lajes, com os seus quase 2000 metros de grelha de aço, foi inaugurada a 15 de Dezembro de 1943.


Inauguração da pista das Lajes
Inauguração da pista das Lajes

A cerimónia incluiu uma bênção, presidida por três sacerdotes: um padre católico e dois pastores protestantes, um de rito anglicano e o outro de rito escocês. A fita foi cortada pelo Comandante Militar da Terceira, Brigadeiro Tamagnini Barbosa. 

Relembrou-se que tanto o Aeródromo como a soberania eram portugueses, e que apenas tinham sido feitas concessões em termo de base aos britânicos.

Após a inauguração, seguiu-se uma exibição de voo de um Boeing Fortress Mark II a baixa altitude e um chá, oferecido pelo Vice-marechal britânico Bromet.









A chegada dos Americanos às Lajes





Com a concessão das instalações da Base das Lajes aos ingleses, os americanos começam a insistir em compartilhá-las. A 1 de Dezembro de 1943, ingleses e americanos tinham chegado a um acordo para uma utilização conjunta da base. Salazar acedeu na presença de forças americanas mas exigiu que estas permaneçam sob comando britânico.


No dia 9 de janeiro de 1944  chega à Terceira o navio Abraham Lincoln com um grupo de 532 militares norte-americanos, pertencentes ao 96º Batalhão de Construções da Marinha e ao 928º Regimento de Engenharia da Força Aérea norte americana com 2500 toneladas de material para o alargamento do Aeródromo das Lajes. Desembarcaram apenas com o armamento individual que, logo após pisarem a Terceira, tiveram de entregar e seguiram depois para as Lajes desarmados,  surgindo aos olhos do Mundo  apenas como técnicos. 

Maio 1944
Vista aérea do Porto da Praia da Vitória





A 21 de fevereiro de 1944, o Comandante da Marinha dos EUA nos Açores solicitou a construção de um porto na Praia da Vitória, numa área muito acessível e com boas condições portuárias. 



As obras começaram de imediato, e este porto tornar-se-ia importante para o apoio aos depósitos de combustível americanos.











Os Estados Unidos pediram também a concessão de facilidades em Santa Maria e após um longo e difícil processo de negociações foi assinado o acordo dessa concessão a 28 de Novembro de 1944.




Cerimónia de entrega da Base das Lajes
pelos Ingleses à soberania Portuguesa



A 3 de Outubro de 1946 com o fim da II Guerra, procedeu-se numa cerimónia à descida do pavilhão inglês e ao hastear da bandeira nacional no aeródromo das Lages. 




No total a Royal Air Force realizou a partir da Base das Lajes 3 115 voos, detectou 38 submarinos e atacou 19, tendo protegido comboios aliados num raio de 700 milhas.




Os ingleses entregaram a base à soberania portuguesa e os americanos deixaram a Base de Santa Maria para se instalarem definitivamente na Base das Lajes onde permanecem ininterruptamente até hoje.


Consequências da presença estrangeira na Terceira 




O alargamento da pista das Lajes e a construção das instalações da base tiveram diversas consequências para a população local. 

Os terrenos outrora  chamados o "celeiro da Terceira", foram  destinados a estas instalações sendo os seus proprietários desapossados das suas terras, a troco de uma renda que lhes foi imposta e que consideravam injusta. Numa nota enviada ao Presidente do Conselho de Ministros pelo Governador Civil de Angra do Heroísmo, Dr. Cândido Forjaz, pode ler-se este descontentamento:
“A construção do aeródromo das Lajes veio desapossar das suas pequenas propriedades mais de duzentos proprietários hoje proletarizados. Ainda que lhes paguem a propriedade expropriada – eles não terão em que empregar o capital visto não haver, quasi não haver, propriedade disponível e os Bancos já não desejarem mais depósitos. São centos de pessoas arrancadas à terra com as naturais consequências de ordem social”

Todas as casas localizadas na área da pista e da base, foram demolidas e as famílias que aí residiam foram realojadas em duas novas aldeias entretanto construídas pelos ingleses: a Aldeia Nova do Juncal e a Aldeia Nova das Lajes.

Com a construção da Base, foram feitas pelos ingleses captações de água nas nascentes que causaram problemas no abastecimento de água às populações.

Foram restringidos os acessos nas vias aos cidadãos que ainda habitavam nas imediações da base.

O aumento populacional provocado pela chegada dos estrangeiros, provocou dificuldades no abastecimento de carne, arroz, bacalhau e sobretudo de cereais. O peixe atingiu preços incomportáveis. Gerou-se uma tendência de produzir apenas para as forças estrangeiras já que a população local não tinha o mesmo poder de compra. Produções caseiras como ovos, galinhas e  frutas, eram direccionadas exclusivamente para fornecer a base, propiciando o enriquecimento de alguns comerciantes e o desafogo temporário de alguns habitantes locais.

O mercado de trabalho aumentou, visto que eram recrutados trabalhadores locais para serviços e obras necessárias na base. O nível salarial destes trabalhadores era muito apetecível pelo que muitos largaram os seus trabalhos na agricultura e na pesca em busca de melhores condições de vida. Aumentou também exponencialmente a prostituição e os furtos.

Os estrangeiros trouxeram maneiras de estar e de viver diferentes. Tinham tanto que até os seus desperdícios eram aproveitados pela população local, como a reciclagem das latas das conservas que passou a ser taxada por ser rentável.

O convívio entre as duas comunidades foi enriquecedor e alguns casamentos ocorreram entre militares estrangeiros e portuguesas da Terceira.

O bem estar da população aumentou de uma forma efémera visto que, com a conclusão dos trabalhos da base surgiu o desemprego e uma grave crise no ano de 1945.
Havia dinheiro nos bancos mas não havia capacidade empresarial nem desenvolvimento económico para o investir.

É inegável que a base estrangeira nas Lajes modificou a vida na ilha Terceira, porque a ilha centrou-se na vida da base. Não houve outros projectos nem investimentos de interesse público.
Após a saída dos ingleses e 6 de Outubro de 1946 com o fim da Guerra, a base continuou americana como fronteira de segurança no meridiano 26ºW e a ilha continuou centrada na base.

Cândido Forjaz diria:
“... das três Ilhas principais do Arquipélago, é esta a única que tem condições para grande centro de tráfego aéreo internacional, que vai tomar depois da guerra o volume que tudo deixa prever”
mais um sonho baseado na base.



Fotos retiradas de : Historia dos Açores

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