Os Açores na Segunda Guerra Mundial (1939-40)

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DE 1939 A JUNHO DE 1940




Apesar de neste período Portugal pouco sentir os efeitos da Guerra, Salazar apercebe-se da importância dos Açores no domínio do Atlântico.
Logo em finais de 1939 começa a preparar a defesa das ilhas.
O que resta do Aeródromo de Santana

O Aeródromo Militar de Sant'Ana, em Rabo de Peixe, ilha de S. Miguel, começa a ser construído nesse mesmo ano.


Ficaria conhecido por “Aerovacas”, pois as áreas circundantes eram local de pastagem de gado, que por vezes se misturava com as aeronaves. Sabe-se que os pilotos chegavam a fazer voos rasantes sobre as pistas, antes de aterrar, com o objetivo de as afugentar. 






No Atlântico, os submarinos alemães (U-boat) atacavam os comboios de navios provenientes dos Estados Unidos com destino a Inglaterra, com abastecimentos para as Forças Aliadas.


Em Maio de 1940, com a invasão de França, os ingleses demonstram a sua preocupação com a situação dos Açores.
Numa carta dirigida ao embaixador português em Inglaterra, Armindo Monteiro pode-se ler: “estamos impressionados pela situação potencialmente perigosa existente nos Açores e nas ilhas de Cabo Verde. Estas ilhas ocupam uma posição estratégica extremamente valiosa que os nossos inimigos teriam grande vantagem em ocupar para as usar como bases aéreas e de submarinos e para interromperem as comunicações. […]

Em 10 de Junho a Itália entra na guerra e invade o sul de França.  

Por esta altura  Franco está convencido que o fim do conflito está para breve com a vitória alemã e a 12 de Junho, altera a condição da Espanha de país neutro a não-beligerante.


Com a  rendição de França em 22 de Junho de 1940 a Alemanha estava a ganhar a guerra. 

Submarinos alemães defendiam a Baía de Biscaia, o Canal Inglês, o Canal da Mancha e o Mar do Norte o que impossibilitava qualquer ataque marítimo pelo norte.
As colónias francesas do Norte de África também foram caindo, apesar de algumas terem resistido por algum tempo.





Operações Félix e Isabella



Ao mesmo tempo que se inicia a Batalha de Inglaterra a 10 de Julho,  os alemães iniciam negociações com Franco com vista a um assalto a Gibraltar (Operação Félix)

Salazar  foi informado das intenções  dos alemães pelo cônsul português em Vichy,  Teotónio Pereira.



Com as forças alemãs estacionadas nos Pirenéus e pressionado pelo ministro do interior espanhol Serrano Suñer,  no sentido de Portugal celebrar uma aliança militar secreta com Espanha, Salazar contra-ataca com um Protocolo Adicional ao Pacto Ibérico, assinado em 29 de Julho de 1940. «[...]os Governos português e espanhol acordam, e por este protocolo se obrigam, a concertar-se entre si acerca dos melhores meios de salvaguardar os seus mútuos interesses, sempre que se prevejam ou verifiquem factos que por sua natureza possam comprometer a inviolabilidade dos respectivos territórios metropolitanos ou constituir perigo para a segurança ou independência de uma ou de outra das duas partes.»

Perante este cenário, os ingleses elaboram um plano para a ocupação das ilhas açorianas mas também de Cabo verde caso Portugal fosse invadido ou se aliasse às forças do Eixo. A força de ocupação dos Açores (Operação Alloy) seria  formada por duas brigadas mistas (4 batalhões dos Royal Marines e 1 do Exército), apoiados por um couraçado e transportados por dois navios de transporte de tropas. O Governo português seria posto à última da hora perante o facto consumado, sendo dadas todas as garantias de que a ocupação era provisória e terminaria no fim da guerra.
A ordem de ataque só poderia acontecer se ocorresse:
a) hostilidade portuguesa ou espanhola;
b) a certeza que um desses países vai entrar na guerra;
c) mal se dê o início da Operação Félix por parte dos alemães ou; 
d) caso não estejam a ser alcançados os resultados económicos vitais na Península, 
e teria de ser executada nas 48 horas seguintes.
O plano inglês é aprovado a 22 de Julho de 1940 e comunicado aos EUA solicitando a ajuda americana numa tentativa de empurrar a entrada da América no conflito.




(1940), 
"II Guerra Mundial:embarque de tropas portuguesas para os Açores",
 CasaComum.org,

Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_114895 (2015-2-5)




Perante a insistência inglesa na defesa das ilhas é enviado para os Açores em Outubro de 1940 um batalhão expedicionário o BI 66. A Marinha começa a desenvolver uma base naval em Ponta Delgada para aqui manter um destroyer em permanência. 













Encontro de Hitler e Franco em Andaya

A 23 de Outubro de 1940 Hitler e Francisco Franco encontram-se em Andaya para discutir as condições da Operação Félix. Para os alemães a reunião é um desastre. Franco, exige inúmero armamento, territórios como Gibraltar, Marrocos,  Oran na Argélia, e incomportáveis exigências financeiras e económicas. Hitler diria mais tarde que preferia arrancar todos os dentes a voltar a encontrar-se novamente com Franco. 






No entanto, a 12 de Novembro Hitler declara na Directiva n.º 18 que "tinham sido iniciadas medidas políticas para induzir a rápida entrada de Espanha na guerra" e que o objectivo da intervenção alemã na Península Ibérica seria o de "expulsar o Inglês do Mediterrâneo Ocidental". 
Mencionava também a potencial invasão de Portugal (Operação Isabella), caso os britânicos ali "ganhassem uma posição".
Hitler defende uma ocupação prévia de Cabo Verde e dos Açores.
Ficava assim fechada a porta de entrada ocidental para o Mediterrâneo, bem como a costa da Península Ibérica, os arquipélagos dos Açores, da Madeira, das Canárias e o de Cabo Verde.


Devido à recusa alemã de ceder às exigências Espanholas, Franco passa a resistir a uma entrada na guerra ao lado do Eixo. 
A Alemanha começa também por concentrar a sua atenção na preparação do ataque à Rússia, mais tarde conhecida por operação “Barbarossa”, esperando retomar a operação “Felix” quando a Rússia se encontrar, supostamente, derrotada. A 12 de Dezembro de 1940 a  Operação Félix  acaba por ser adiada.




1 comentários:

Matilde disse...

Grande parte da história dos Açores! Muito obrigado por estes "episódios" da nossa grande história.