Os Açores na Segunda Guerra Mundial (1939 - A neutralidade Portuguesa)

Quer Comentar?


Portugal e a neutralidade



Perspectiva histórica




Em Março de 1939, quando já se adivinhava o inicio do conflito, Portugal e Espanha assinam um Tratado de Amizade e Não-agressão (Pacto Ibérico), onde fica estabelecido:

(1939), "Assinatura do Pacto Ibérico",
 CasaComum.org, 
Disponível HTTP: http://hdl.handl
1) respeito mútuo de fronteiras e territórios, abstenção de actos de agressão ou invasão, ou de acto violento contra a integridade e inviolabilidade do território;
2) não prestação de auxílio a agressor da outra parte;
3) não participação em pacto ou aliança contra a outra parte;
4) não assunção de futuros compromissos, assumidos para com terceiros, ressalvando sempre os compromissos definidos no pacto;
5) considerar a duração de dez anos para a sua vigência, admitindo-se a sua prorrogação, se não houvesse denúncia com seis meses de antecedência;
6) entrada em vigor na data da ratificação.





Com a invasão da Polónia por parte da Alemanha, a 1 de Setembro de 1939, deu-se o início da Segunda Guerra Mundial na Europa.


Nota oficiosa do Governo de Salazar
proclamando a neutralidade portuguesa

Neste mesmo dia, Salazar numa nota oficiosa à imprensa, declara unilateralmente a neutralidade de Portugal em relação ao conflito.

A independência nacional, a integridade do país no seu todo e a manutenção do regime e das instituições vigentes são os seus três objectivos fundamentais.


Na primeira fase da guerra, a neutralidade portuguesa interessa a todos os beligerantes e Salazar procura tirar contrapartidas económicas da guerra.


A velha Aliança Luso-Britânica mantêm-se firme.
 O casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre
 marcou o início da Aliança Luso-Britânica 

Túmulo de D. João I e D. Filipa de Lencastre
Mosteiro da Batalha - Portugal

Na referida nota oficiosa diz Salazar: 
«felizmente, os deveres da nossa aliança com a Inglaterra - que não queremos eximir-nos a confirmar em momento tão grave - não nos obrigam a abandonar nesta emergência a situação de neutralidade»

Para os ingleses a neutralidade Portuguesa além de afastar a Península Ibérica do conflito, assegura a defesa dos  interesses estratégicos de Inglaterra em Portugal, sobretudo nos Açores e em Cabo Verde, onde têm instaladas estações de cabos submarinos que serviam de ligação às suas colónias e ao mundo.
Tanto para Portugal como para Inglaterra, existem também interesses económicos importantes não fosse a Inglaterra o principal parceiro económico português,  não só por via das importações e exportações mas porque também existem grandes investimentos ingleses no país.
Os ingleses tinham ainda vastas fronteiras com colónias portuguesas em África e na Índia sendo o principal transportador das exportações portuguesas.


Em relação à Espanha, a neutralidade portuguesa é uma neutralidade activa. Pelo Pacto Ibérico, a antecipação da declaração de neutralidade de Salazar arrasta a Espanha também para uma posição neutral,  afasta-a da Alemanha e assegura assim a "Neutralidade Ibérica".


Por outro lado, Portugal mantém uma relação de amizade com a Alemanha, o seu segundo parceiro comercial já antes do inicio da Guerra. Os alemães são grandes importadores de minério português, especialmente de volfrâmio e chegam a ter grandes investimentos em Portugal na exploração de minas.  É através de Portugal que a Alemanha recebe alguns produtos fundamentais, tais como o petróleo americano e os seus derivados, fosfato do Norte da África,  e várias matérias-primas. O idealismo politico alemão era também muito próximo do de  Salazar .


(anterior)

Ler o artigo completo ►

A Aviação nos Açores - Entre Duas Guerras

Quer Comentar?

Entre Duas Guerras



O Arquipélago dos Açores sempre foi considerado estratégico do ponto de vista militar  pela sua localização geográfica.


Em 1916, durante a Primeira Grande Guerra, o Império Alemão bombardeia a cidade da Horta, na ilha do Faial.


No ano seguinte foi a vez de Ponta Delgada ser atacada por um submarino alemão U-155.


Chegada da 1ª Companhia Aeronáutica
 a Ponta Delgada 

Em 1918, os Estados Unidos, que já haviam ingressado no conflito, instalam em Ponta Delgada uma base aero-naval que se mantém em operações até Setembro do ano seguinte.






Também a Marinha Portuguesa projecta instalar um Centro Aero-Naval na Horta  que nunca se chega a concretizar, assim como os Ingleses, mais propriamente a RAF, projectam a instalação de uma base terrestre que serviria de apoio às operações aéreas no Atlântico.

No fim da Primeira Guerra Mundial, e com o acentuado progresso que a aviação atingira, inicia-se uma tremenda corrida pela travessia aérea do Atlântico-Norte. França, Alemanha, Itália, Inglaterra e Estados Unidos desenvolvem as suas industrias aeronáuticas de modo a utilizar o avião também como meio de transporte. Os Açores tornam-se assim num ponto estratégico para o apoio dos aviões que saem da Europa ou que para ela se dirigem.

O jornal londrino "Daily Mail", promove um concurso com um prémio de dez mil libras esterlinas ao aviador que conseguisse fazer o primeiro voo sem escalas, em menos de 72 horas, entre os Estados Unidos, Canadá, ou Terra Nova e as Ilhas Britânicas.

O "Liberty" em Lisboa
NC4 "Liberty"
Assim, em 1919 uma esquadrilha de três hidroaviões quadrimotor da Marinha dos Estados Unidos intenta a primeira travessia do Atlântico Norte, por etapas.  No entanto, apenas uma aeronave, a NC4 "Liberty", consegue completar o percurso, fazendo escalas na baía da Horta, Ponta Delgada e por fim seguindo para Lisboa onde fundeia nas águas do rio Tejo a 27  de Maio.


A partir daí, as travessias transatlânticas sucedem-se com cada vez mais frequência e os Açores, principalmente a  baía da Horta torna-se um local de paragem obrigatório para reabastecimento e/ou reparações. Técnicos sugerem a construção de uma base de apoio nas ilhas.

Em 1926 tem lugar a primeira ligação aérea nacional Lisboa-Açores, mais propriamente Lisboa-Ponta Delgada, tendo sido realizada por um hidroavião oferecido à Aviação Portuguesa por Açorianos residentes na América do Norte, um Fokker baptizado como "Infante de Sagres".

Em 1929,  várias vozes defendem a construção de uma pista na ilha Terceira e em Agosto desse ano a Comissão Administrativa da Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo delibera o dispêndio de 50 contos para a aquisição de um terreno situado nas pastagens a nascente do lugar de Burraténs. A pista, com 600 metros de comprimento por 70 de largura, surge lentamente, paralela à estrada nacional, construída por trabalhadores da Junta Geral, por muitos assalariados e por praças do Regimento de Infantaria 22, cedidos pelo Governador Militar dos Açores.

Açor
Inauguração do Campo de Aviação
da Achada - Ilha Terceira
O Campo de Aviação da Achada, na Ilha Terceira é solenemente inaugurado a 4 de Outubro de 1930, com a população a assistir com entusiasmo à primeira descolagem de um avião em solo terceirense - o  Avro,  um biplano monomotor  de nome "Açor". 




Poucos anos depois, o Campo da Achada quer pelas suas reduzidas dimensões quer pelos nevoeiros intensos que frequentemente cobrem a região é considerado obsoleto e só voltará a ter utilidade em 1941.

Zeppelin sobre
Angra do Heroísmo


Na década de 30, os dirigíveis alemães usados durante a Grande Guerra como transporte mas também como bombardeiros e para observação, começam a ser muito utilizados para travessias transatlânticas no transporte de passageiros.


Assim, vários "Zeppelins" que fazem a ligação entre a Alemanha e os Estados Unidos, sobrevoam o arquipélago.






Em 1934, o Serviço de Engenharia Militar inicia a construção de uma pista de terra compactada na planície das Lajes, ilha Terceira.



Clippers no Porto da Horta

Na baía da Horta, a Pan American World Airways (PanAm) instala uma base de apoio para uma rota comercial transatlântica, que entre 1937 e 1944, serve os Boeing 314 Clipper que fazem viagens entre Nova Iorque -Marselha e Nova Iorque- Londres, com escala em Lisboa.




A partir daí e até à década de 40, várias companhias aéreas passam a utilizar as águas do canal entre as ilhas do Pico e Faial como ponto de apoio para as suas rotas.




Fontes : 
Força Aérea Portuguesa
Ultimas Curiosidades
História da Aviação
Velharias com História
Restos de Colecção

Ler o artigo completo ►