Não houve dinossauros nos Açores mas....

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Queríamos apresentar-vos um novo blog português - PORTUGAL EM PEDRA.

Propõem-se, através do que ficou registado nas pedras do nosso território, divulgar alguns aspectos da história de Portugal.

Como pudemos calcular é um tema vastíssimo e eles decidiram começar por uma temática antiga mas fascinante - os DINOSSAUROS - mais propriamente as PEGADAS que esses gigantes, que viveram à milhões de anos atrás, deixaram marcadas nas rochas do nosso território.

Nessa altura, os Açores ainda não existiam, nem mesmo o mar imenso que os rodeia. 

Assim, nos Açores não existem pegadas de dinossauros mas existe muita história escrita nas PEDRAS AÇORIANAS, como de resto temos demonstrado nos nossos artigos. 

Quem sabe se um dia PORTUGAL EM PEDRA nos vai surpreender com um post sobre as nossas ilhas....


Recomendamos uma visita e para isso deixamos o link do Blog e da sua página no You Tube onde se podem encontrar alguns videos com bastante informação sobre o tema.

Blog PORTUGAL EM PEDRA : https://portugal-em-pedra.blogspot.com/

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Aqui, há tempo para se SER

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Angra do inicio do povoamento a 1595 (VIDEO)

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No final do século, Angra era uma cidade próspera e desejada, a “universal escala do mar ponente, como lhe chama  Gaspar Frutuoso.

A primeira imagem que temos de Angra é a tão falada carta atribuída a Jan Hugyen Van Linschoten anexa ao “Itinerário, Viagem ou Navegação de Jan Hugyen Van Linschoten para as Indias Orientais ou Portuguesas”

A Carta datada de 1595, com a legenda “A Cidade de Angra na Ilha de Jesus Cristo da Terceira que está em 39 graus”, representa a cidade com imensos pormenores e nela nos podemos basear para viajarmos até Angra no final do século XVII.


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Angra - Evolução Urbana de 1500 a 1595

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Desde a sua descoberta que as ilhas dos Açores  serviram de ponto de paragem e abrigo para navegadores que iam e vinham de paragens mais distantes.
Panorâmica da baía de Angra

Foram inúmeros os que daqui partiram à descoberta de terras a Ocidente, assegurando, antecipadamente, a posse do que descobrissem por carta régia, entre outros: 
Diogo de Teive, que chegou ao mar dos Sargaços podendo ainda ter atingido os bancos da Terra Nova, no regresso, em 1452, descobriu as ilhas das Flores e do Corvo
O terceirense João Fernandes "Labrador“, acompanhado de Pedro Barcelos, parte à descoberta de terras no Atlântico em 1499 e avista o que se viria a chamar a Terra do Labrador
Em 1500, Gaspar Corte Real, filho do capitão do donatário João Vaz Corte Real,  parte para a sua primeira expedição. Terá chegado à Gronelândia, nas proximidades do cabo Farvel, mas foi detido pelos gelos árcticos. Em meados de Março de 1501 faz nova viagem com três caravelas, que terão alcançado a Terra Nova. No final do Verão, Gaspar Corte Real mandou duas delas regressar a Lisboa e continuou a sua exploração, não se sabendo mais nada do seu destino; Em Maio de 1502, Miguel Corte Real parte em busca do seu irmão, também terá chegado à Terra Nova, mas também nunca regressa a Portugal. A façanha dos Corte-Reais revela a América do Norte à Europa, certificada no planisfério Cantino de 1502.



Cidade de Angra - 1845
Louis Lebreton (foto daqui)

A exploração da costa atlântica de África na segunda metade do séc. XV, o estabelecimento de feitorias no Golfo da Guiné, nas  ilhas de Cabo Verde e de S. Tomé  e Príncipe, associada à prática de navegar pela “volta do largo ou volta da mina", tornam os  Açores, principalmente o porto de Angra,  um local de paragem e abrigo para as embarcações e seus navegantes:
Cristóvão Colombo no regresso da sua famosa viagem de 1492, visita a ilha de Santa Maria;
A 12 de Julho de 1499, a caravela Bérrio entra no rio Tejo com a notícia que os portugueses tinham chegado à Índia por mar. A expedição de Vasco da Gama havia descoberto o Caminho Maritimo para a India, mas o capitão ficou na ilha Terceira a acompanhar o seu irmão Paulo da Gama, gravemente doente onde viria a falecer, tendo sido sepultado no Convento de São Francisco em Angra.

Angra cresce proporcionalmente ao número de gente que ali chega atraídos pelo comércio florescente e pela agricultura que também prospera.


Edifício da Antiga Alfândega (de 1853)
 no mesmo local da primeira Alfândega de 1499



Em 1499 dá-se o inicio do funcionamento da Alfândega, surgem novos locais de culto como as Ermidas de Santa Catarina, São Bento, e São Lázaro que teria em anexo um hospital para leprosos, o que atesta o aparecimento de novos núcleos populacionais.







Rua Direita

A famosa “retícula” Angrense cresce apoiada em dois eixos estruturantes - a Rua Direita e a Rua da Sé, numa malha de quarteirões de base rectangular que facilita a adaptação ao terreno. 
As "ruas principais" (lado maior do rectângulo), de que são exemplo a Rua de São João, a Rua da Palha e a Rua Carreira dos Cavalos, desenvolvem-se perpendicularmente ao mar sendo atravessadas pelas "ruas secundárias" (lado menor do rectângulo), de que são exemplo a Rua da Rosa e a Rua da Rocha. 





Praça Velha



Na praça, centro nevrálgico da cidade, além dos Paços do Senado da Câmara, instala-se o Tribunal da Justiça, a Cadeia com as Enxovias e a Audiência Geral








Zona portuária na actualidade.



A zona do porto desenvolve-se com serviços de apoio às embarcações como as bicas de água junto ao cais,  o matadouro, as casas da Alfândega e o Hospital  e surgem os estaleiros navais da Prainha e do Porto das pipas.




A 22 de Abril de 1500, treze caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral, chegam ao Brasil.

Angra torna-se sede da Corregedoria das Ilhas (em 1503) e um porto de escala das navegações atlânticas, para os  navios portugueses regressados da Índia, de São Tomé, da Mina, Guiné e Brasil, mas também de frotas espanholas regressadas das suas colónias na América. Esta escala viria a revelar-se essencial na prestação de serviços de reabastecimento, reparação, abrigo, protecção e restabelecimento das embarcações e seus tripulantes. Mas esta zona também se viria a transformar num espaço procurado por corsários e piratas que frequentemente atacavam as embarcações. Surgiu assim a necessidade de as proteger pelo que D. Manuel I  cria em 1520 a Armada das Ilhas regulamentada pelo  "Regimento para as naus da Índia nos Açores". A armada das ilhas, composta por um número variável de navios, saía anualmente de Lisboa, rumava primeiramente às Berlengas e daí seguia para a ilha Terceira onde o capitão mor da armada tomava conhecimento de qualquer notícia referente a corsários. De seguida, dirigia-se para a ilha do Corvo, na proximidade da qual ficava durante cerca de quatro meses a aguardar pela última nau da carreira da Índia desse ano, só então regressando a Lisboa. 

Baía de Angra


Cerca de 1527,  foi criada  a  Provedoria das Armadas, com sede em Angra. O   provedor, Pero Anes do Canto, tinha a responsabilidade da montagem de um sistema de vigilância que permitisse detectar a aproximação das naus da Índia, de forma a protegê-las e abastecê-las do suficiente para chegarem ao porto de Angra, onde ficavam ancoradas. Aí era informado das condições da embarcação, da tripulação, se havia ou não doentes, da carga que trazia, das ocorrências da viagem. Estas informações eram transmitidas de imediato ao rei por carta enviada num caravelão destacado para o efeito. No caso dos navios vindos da Mina, os cofres de ouro eram desembarcados, ficando à guarda do provedor, até à hora do regresso a Lisboa. A vigilância dos navios era um dos maiores problemas, pois além dos ataques de piratas e corsários, havia que contrariar o contrabando que grassava no porto de Angra, mas além de tudo isto, uma das mais importantes  tarefas do provedor era o abastecimento dos navios, pois a ilha por vezes não dispunha de géneros suficientes para o fazer.


Cidade de Angra do Heroismo em 1905 (foto daqui)

Assim, para além do fornecimento de água e víveres, os Açores, e em particular a Terceira, servem de local de reagrupamento, para formação de comboios que fornecessem protecção contra os piratas que infestavam a periferia europeia, e de transbordo das mercadorias, em especial de preciosidades, que ficavam a aguardar transporte seguro para os portos portugueses.

Em 1534,  Angra é elevada a Cidade  e  fundada a Diocese de Angra pela bula Aequum reputamus, cabendo desde então ao bispo de Angra a superintendência espiritual das nove ilhas açorianas. 
Em 1536 torna-se sede da Provedoria da Fazenda.

Em 1540 fica concluída a Ermida de Nossa Senhora dos Remédios  que António Pires do Canto, segundo provedor das Armadas, manda construir nos terrenos que seu pai adquirira no Corpo Santo.

Em 1541 por Bula Apostólica é concedida a fundação do Convento de S. Gonçalo a Braz Pires do Canto, destinando-se às suas duas filhas monjas, com a invocação de Nossa Senhora da Esperança da Ordem de S. Francisco (Ordem de Santa Clara).

Antigo Paço Episcopal


Em 1544, D. João III faz doação e mercê à Sé para que "(…) servisse de aposento do bispo de Angra, umas casas do rei existentes junto à Sé e pegadas com o adro dela (…) na Carreira dos Cavalos", surgindo assim o primitivo Paço Episcopal de Angra.




É fundado o Mosteiro de Nossa Senhora da Esperança (cerca de 1550), são construídas as  Ermidas de São Sebastião (onde hoje se situa o Largo do Dr. Sousa Junior), e de Nossa Senhora do Desterro, a nova Igreja de Santa Luzia (1551) que marcava informalmente o limite norte da cidade, em 1553 nasce a segunda Paróquia da cidade: Nossa Senhora da Conceição, a Ermida dos Santos Cosme e Damião mandada edificar por António Pires do Canto em 1560 onde hoje está localizada a Igreja do Colégio, as Ermidas de Nossa Senhora das Neves  e de  Nossa Senhora da Graça (1570) junto das quais viriam a surgir o Colégio dos Jesuítas e o Convento de Nossa Senhora da Graça em 1594, respectivamente. 

Ainda em 1570 dá-se inicio à construção da Sé de São Salvador, por alvará de 1568, , sendo autor do projecto o arquitecto Luís Gonçalves. A construção durou cerca de cento e trinta e dois anos, ficando concluídos os primeiros trabalhos em 1618.

Em 1572, institui-se a terceira e quarta paróquias da cidade:  São Pedro, cuja igreja fica construída em 1575 e São Bento desconhecendo-se a data de construção da igreja. Em 1595 surge a última paróquia de Angra: Santa Luzia

Do ponto de vista militar, os planos para a  defesa da cidade começam após o ataque do corsário francês Peyrot de Monluc em 1566. No ano seguinte, Tommaso Benedetto é enviado aos Açores e traça o plano defensivo da Terceira. 
Inicia-se a  construção do  Castelo de São Sebastião ente 1568 e 1578 e da extensa muralha que fechava a baía de Angra  e que ficaria concluída em 1582. Só mais tarde, em 1590 o italiano Tiburzio Spannocchi elabora o projecto da Fortaleza de São Filipe. 


luis teixeira cosmografo
CARTA DA ILHA TERCEIRA, AÇORES DE 1587 editada por Ortélio,
PORTUGALIA MONUMENTA CARTOGRAPHICA
ARMANDO CORTESÃO E AVELINO TEIXEIRA DA MOTA

LEGENDA DA CARTA
Entre as ilhas dos Açores esta é a melhor e a mais fértil, assim, mais forte, a que melhor se pode defender. Em ela está a feitoria de El-Rei porque todas as Armadas que de todas as partes vêm cumprindo a sua viagem, a ela vêm diferir onde se provêem de todo o necessário de mantimentos e outras coisas, porque também o El-Rei o dá por bem e ela melhor o pode fazer, tem muito pão, vinho, frutas, carne, peixe e dá pastel com que dão cor aos panos em Flandres, França e as mais partes do norte dela se provêem, a razão também porque as Armadas a ela vêm diferir, é porque tem o porto mais capaz para poderem surgir por ter dois portos, um é o de Angra, junto à cidade, e outro do Fanal que com duvidosos tempos podem estar em cada um, que são de uma parte e outra do Brasil que é a ponta que mostra ser alta, também tem a praia bom fundeadouro, chamada, ilha do Bom Jesus e vulgarmente de Terceira porque vindo no descobrimento delas ela foi a terceira, depois de acharem a de S. Miguel e de Santa Maria.
Feita por Luís Teixeira cosmógrafo de sua Majestade, em Lisboa Ano do Senhor.
1587



No final do século, Angra era uma cidade próspera e desejada, a “universal escala do mar ponente, como lhe chama  Gaspar Frutuoso.

A primeira imagem que temos de Angra é a tão falada carta atribuída a Jan Hugyen Van Linschoten anexa ao “Itinerário, Viagem ou Navegação de Jan Hugyen Van Linschoten para as Indias Orientais ou Portuguesas”. A Carta datada de 1595, com a legenda “A Cidade de Angra na Ilha de Jesus Cristo da Terceira que está em 39 graus”, representa a cidade com imensos pormenores e nela nos podemos basear para viajarmos até Angra no final do século XVII.


Jan Hugyen Van Linschoten
"A Cidade de Angra na Ilha de Jesus Cristo da Terceira que está em 39 graus"
1595


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Angra - 50 anos de evolução Urbana (1450 a 1500)

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As datas e o modo do inicio do povoamento de Angra, encontram-se envoltos em polémicas e incertezas. Porém, existe um consenso geral: a importância da sua baía como um porto natural associada a um curso de água doce corrente: a ribeira.

Segundo as crónicas, o povoado de Angra terá sido iniciado por alguns dos primeiros colonos que desembarcaram nas Quatro Ribeiras (ver) mas que viajaram para sul.
“(…) mas não curaram os descobridores de viver ali (Quatro Ribeiras) por ser terra muito fragosa e de ruim porto e, rodeando a terra pela costa, acharam outro melhor em uma angra mui fermosa da parte do sul, onde começaram a fazer outra povoação de pobres casas de pedra e barro, cobertas de uma erva chamada carrega, que nasce nas grotas e ribeiras, por ainda então não haver palha, nem trigo, nem telha,(…) “ 
FRUTUOSO, Gaspar, 1522-1591-Saudades da terra- livro VI

O padre António Cordeiro, cronista que viveu em Angra até 1656, na sua História Insulana diz:
“(…) & pela banda do Norte no pofto chamado Quatro Ribeiras, então dos que alli ficàraõ, paftiárão alguns; quatro legoas abayxo para o Sul, &  derão na bahia que acharão junta ao monte do Brafil, & alli fizerão fua tal, ou qual povoaçaõ, &  lhe chamaraõ Angra(…)”.




No lugar de Angra terá sido erigido, por volta de 1451, um altar a São Salvador pelo que para alguns a povoação começar-se-ia a chamar de São Salvador de Angra.

Começaram-se então a desbravar os terrenos em redor do povoado, a abrir caminhos de acesso aos outros povoados e ao interior da ilha, a construir o primitivo porto para acesso das embarcações.

Mais uma vez são as crónicas as únicas fontes disponíveis para se tentar desvendar, do ponto de vista cronológico, a chegada dos chamados povoadores da primeira vaga, ou seja, do período compreendido entre 1451 (data provável para o inicio do povoamento da Terceira) e 1474 (data da divisão da ilha em duas capitanias).

Aponta-se para que o primeiro nobre a instalar-se em Angra, logo no inicio da década de 1450, terá sido Álvaro Vaz Merens.(ver)  Além de grandes porções de terrenos, este recebeu como dada os terrenos que compunham o alto sobre o povoado de Angra. Neste alto, o seu filho João Vaz Merens construiu a sua residência, as "casas nobres" e fundou uma ermida sob a invocação de Santa Luzia de Siracusa o que mais tarde levou a que se chamasse a este local de Alto de Santa Luzia.

Em 1456 chegam os primeiros frades franciscanos.

No final de 1461, chega à ilha Álvaro Martins Homem, navegador português e fidalgo da casa do Infante D. Fernando, que se instala em Angra. Procedeu ao desvio e encanamento da ribeira de Angra e à construção de uma rede de moinhos para moagem do trigo que era fértil na ilha e dos quais tem o monopólio. Segundo a história local terá escolhido para sua residência o local onde mais tarde surge a Casa do Capitão. Também lhe é atribuído o inicio da construção de um ponto de defesa e abrigo na acrópole junto aos moinhos que mandara construir, e que mais tarde viria a ser o Castelo de São Luis, mais conhecido por Castelo dos Moinhos, onde hoje se encontra o obelisco do Alto da Memória.

É também em 1461 que se dá inicio à construção da primitiva Ermida de Nossa Senhora da Conceição.

Outro fidalgo que terá chegado a Angra por esta altura é Affonso Gonçalvez de Antona Baldaia “ o Velho de S. Francisco”, navegador e Chefe dos Copeiros do Infante D. Henrique. Instala-se em Angra nuns terrenos próximos ao outeiro e funda uma pequena capela com a invocação de Nossa Senhora da Guia.
Nestes terrenos, os franciscanos constroem em 1470 um modesto convento,  e a capela passa a servir de igreja conventual. Mais tarde, com a partida de Baldaia para a Praia com Martins Homem em 1475, este doa os terrenos, a casa e a capela aos franciscanos, para que lhes servisse de convento.

Também por esta altura se iniciam as obras do Cais da Alfândega e da igreja "nova" de São Salvador.




Após 1474, ano da divisão da ilha em duas capitanias, chega a Angra o seu 1º capitão do donatário,  João Vaz Corte Real.  Corte Real indemniza Álvaro Martins Homem, agora capitão do donatário da Praia "pelas muitas obras que ali tinha feito e pelo prejuízo em que ficava"(ver).

É entre os anos de 1474 e 1478, que se aponta para a elevação de Angra a Vila.

Este período 1474 a 1479 coincide com as guerras com Castela que terminam no Tratado de Alcáçovas que, entre outras coisas, assegura o domínio português das suas ilhas no Atlântico onde se incluía naturalmente os Açores. 
D. Beatriz envia à Terceira Pero Annes Rebello como provedor das fortificações. Este terá aconselhado, após observar a costa, muralhar a Praia e fazer/remodelar em Angra o Castelo de S. Luis. (Como já vimos a construção do Castelo é também atribuída a  Álvaro Martins Homem).

Nesta época, segundo testemunhos, a população da ilha era muito reduzida,
“(…) no princípio da povoação da ilha Terceira não haver mais que duas povoações de muito pouca gente, uma na banda da Praia, onde se chama o Paúl de Beljardim, (…), e outra, onde agora é a cidade de Angra (…). Eram tão poucos os moradores em toda a ilha naquele tempo, que um quarto de azeite abastava um ano a toda a gente dela, aonde não iam passagens senão no verão, uma até duas, as quais levavam muito pouca mercadoria, por não haver quem a gastasse na terra, mas traziam gente que a ia povoando; (…)”.
mas com o tempo, 
"(...) A sua grande representação, e a de seu colega, o dito Álvaro Martins Homem, atraíram à ilha muitas pessoas nobres, que se transportaram do Reino, ilha da Madeira, e ainda de países estrangeiros.A estes se deram terras de sesmaria, e foi tal o progresso da agricultura, e aumento da povoação, que admirou. Em consequência do que logo foram habitados todos os lugares de beira-mar e fundadas a maior parte das igrejas paroquiais.(...)"FRUTUOSO, Gaspar, 1522-1591-Saudades da terra- livro VI

Em 1480 terá ficado concluída a Ermida de S. Pedro Gonçalves dos Mareantes, posteriormente conhecida por ermida de N. Sra da Boa Viagem ou Ermida do Corpo Santo, no alto da rocha do Cantagalo.

Apartir daqui começam a surgir as grandes obras patrocinadas pelo capitão do donatário: 

- a conclusão da Igreja de São Salvador,  cujo primeiro vigário Frei Luis Annes, foi nomeado em 1486;

- a Casa da Alfandega  (Real Casaria d'Alfandega), concluída em 1487;

- a Capela Mor do Convento de São Francisco,  feita às suas custas, se bem que o capitão terá auxiliado eficazmente os religiosos Franciscanos, na edificação do convento e respectivo templo;

- a fundação do Hospital do Santo Espírito e da Capela com a mesma invocação.  Por compromisso da Confraria do Santo Espírito, foi criado por alvará de Março de 1492, sendo o primeiro hospital da ilha e do arquipélago, muito importante na prestação de assistência às tripulações Nesta altura já se celebrava o culto do Espirito Santo no dia de Pentecostes.  À porta da capela, celebrava-se a missa do Espírito Santo, “coroação” e bodo; (ver)

- o Castelo dos Moinhos que ficaria concluído em  1495 data em que João Vaz Corte Real se torna Alcaide Mor do Castelo;

a construção da primitiva Igreja da Misericórdia, no local da antiga capela do Espírito Santo, após o Compromisso da Irmandade da Misericórdia de Angra do Heroísmo em 1495, da Casa da Irmandade e de um Hospital, na Rua Direita;

- a Casa do Capitão, obra a que muitos atribuem a Álvaro Martins Homem, e que viria a chamar-se "Solar dos Corte Real"com sua torre de arquitectura gótica-mourisca. Mais terde ficaria conhecida por "Casas do Marquês";

- o completo encanamento da Ribeira dos Moinhos, obra iniciada por Álvaro Martins Homem, que tinha entretanto sido dividida em dois ramais, um para fazer trabalhar os moinhos e outro canalizado para abastecer de água a população.


No vale onde corria o curso natural da ribeira, em tempo de chuva e com as enchentes, formava-se uma lagoa ladeada de árvores de grande porte. O local foi drenado e a madeira aproveitada para as construções.
“(…) Denotarão serem compostos de hu emundice occazionada dos enchentes das ribeiras que provinhâo dos altos da Cidade, e que atulharam aquelle cham, que em algum tempo fora vale, e tanto assim que he tradição antiga, que o lugar em que hoie existe a Praça d Angra contiguo com o Colegio (Jesuitas) ara alagoa, e seos orodores pouoados de altas e grossas madeiras  (…)”."Fenix Angrense" - Padre Manuel Maldonado

É neste local que surge a Praça, local de comércio e justiça, com um Chafariz, um Pelourinho e o edifício do Senado da Câmara de Angra.





Começa assim a ocupação da "baixa", com o surgir da Rua Direita ou Rua de Lisboacom uma largura média de 10 metros (medida excepcional para a época) e que se estende por 200 metros. (1000 palmos), ligando a Praça ao Cais.

A Rua da Sé surge paralela ao mar, ligando a Igreja de São Salvador à Praça, tornando-se o eixo longitudinal da urbe.

O donatário João Vaz Corte Real faleceu no ano de 1496, e jaz sepultado na capela-mor do mosteiro de São Francisco, com sua mulher D. Maria de Abarca. 
Sucedeu-lhe seu filho Vasco Anes Corte Real, que (...)"Não consta que habitasse algum dia na Terceira; nem também que por estar na corte lhe promovesse o mais insignificante benefício: antes governou a capitania por ouvidores de sua nomeação"(...)."Anais da Ilha Terceira" -  Tomo I  por Francisco Ferreira Drummond


Fontes:

Instituto Histórico da Ilha Terceira

Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo - Bparah


SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitetónico

"Historia insulana das ilhas a Portugal sugeytas no Oceano occidental" do Padre  Antonio Cordeiro


"Anais da Ilha Terceira" -  Tomo I  por Francisco Ferreira Drummond


"Saudades da Terra" Volume VI - Dr Gaspar Frutuoso

"Açores - Cidade e Território" - Antonieta Reis Leite 


 "Angra do Heroismo - Ilha Terceira (Açores) . os seus titulos, edificios e establecimentos públicos"  Felix José Costa


"Linschoten Vision of Angra - Azores" - Humberto Oliveira


"Topographia ou descripção physica, politica, civil, ecclesiastica e historica da Ilha Terceira dos Açores" - Jerónimo Emiliano d'Andrade

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